quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Abaporu: 1ª citação

Tarsila sobre árido nu.
O medo talvez fosse me prender a uma brasilidade extrema e nela ter que me justificar. Mas esse Abaporu Pau-Brasil está em Buenos Aires e a memória corre mundo afora. World art seria então?
No mundo da música os intérpretes convidados para se apresentar na nossa tão celebrada semana de arte moderna de 1922 se dividiam entre os virtuoses, como a fantástica Guiomar Novaes fiel expositora da pianolatria paulista, e os camerísticos, como Paulina d'Ambrósio. Nas artes plásticas tínhamos a dobradinha Malfatti-Amaral. Na literatura vinha Monteiro Lobato descalço sobre os salões dos periquitos empapagaiados. Oswald e Mário de Andrade. O último bastante preocupado com a educação musical e defesa da arte nacional.

Era o Brasil para o mundo, o mundo para o Brasil.

Numa reflexão um tanto mais intimista, despretensiosa e completamente desconectada de decisões, me inspiraria nesse grande número de mulheres que conduziram um pensamento artístico-manifesto, me encontraria um pouco em Mário enquanto empenhada no processo educacional, um pouco na antropofagia de Oswald. De Tarsila o vermelho pau-brasil: o semi-árido pode virar um deserto florido de cactus.

Do que é memória e do que ainda está para construir, do que é brasileiro e do que vem do mundo, da música, das palavras e do olhar. Um amigo sugestionou: Abaporu é nome de disco.

Abracei e ganhei uma bela canção. O filho mais velho vem cru e múltiplo, sob a ilusão de ótica aberracional trazendo o que de mim vem verdadeiro. Caminha nas pernas de um andarilho sem marcas de tempo ou lugar e sem restrições nas relações. Vem de um processo de criação repleto de grandes parcerias. Um filho de tantas mães e outros pais!

Na construção de um novo Abaporu. Que nasça belo, filho meu!

Paraopeba

"Um dia eu vou com o rio ver o mar


O rio está sempre vindo, também está sempre indo.
Nunca o terei completo: não sei onde começa, não sei onde termina.
Me disseram que ele vai abraçar o mar. Tenho ciúmes do mar.



Mais uma vez o rio. Por que sempre o rio? "






Trecho extraído do livro Margem, da artista plástica Ana Amélia Diniz Camargos, que também me atende por Vó Mélia.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Caio para todos





Palavras de Caio Otta: tinta de máquina de escrever sobre tecido.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Infinito patético plural

passo em repiques
das águas de corpo escaldado

nas gélidas matas
e sólidos picos, ribeiras e ramos

no Rosa matriz

trespasso e iludo
a disritmia que se polifaz

sou olhos que regam
temores já engavetados

e se alimentam com ardor

pluriplural penetro
em outros que se estreitam em mim

no ato me mostro inábil
pareço e trans o que me sobressai

com a boca me ergo no império
e deixo entornar meus pecados

About Me

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Sou cantora. Vezes compositora, vezes professora, vezes cozinheira. Gosto de crianças e idosos. Me apaixono e desapaixono na mesma intensidade. Escrevo para não acumular na cabeça o que penso ou fantasio. Construo: tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo...

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