domingo, 8 de agosto de 2010

Credo



No limite da abertura aquela face que traz em sua essência a graça, inefável enquanto trâmite eterno dos homens para a gentileza, se vê, em sua mais profunda insegurança, distante um abismo dos risos. Da completude, dois abismos.
Quem sabe essa Beatriz de Alighieri não carregue em si um pouco da equilibrista de Chico? Ou o contrário, levando em conta a cronologia que nos obriga a crer que o século XIII veio antes do XX. Seriam as bestas do limbo os mestres da fera?
Réquiem para uma alma desandada, ouve a declaração, ó minha bela! Coberta de significados no imaginário comum, ela se tornou importante representante da feminilidade, que assim como quem é uno e trino, mostra em sua porta de entrada a tripla face de diabos com suas línguas divididas em três, evolução essa que nem mesmo a serpente conseguiu atingir.
Pela corda bamba ela caminha em passos muito mais lentos do que em seus vôos para os céus (pode ser que ela também tenha três asas), talvez pela espontaneidade que às vezes a pega de surpresa e a leva em viagem repentina para sua idade média. Só resta saber se o que lhe é contemporâneo acompanha aquela abertura que vimos no rosto há pouco ali em cima.



Tela de Katsushika Hokusai.

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Sou cantora. Vezes compositora, vezes professora, vezes cozinheira. Gosto de crianças e idosos. Me apaixono e desapaixono na mesma intensidade. Escrevo para não acumular na cabeça o que penso ou fantasio. Construo: tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo...

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