sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lacerda - o rei do gado, Cristiano Bortone e Neil Armstrong.

Para o gosto dos artistas sedentos pela desmoralização do nosso prefeito, ou somente pela renovação de seu equipamento de "desconfiômetro" que já deve ser um modelo ultrapassado, eis que ontem, antes do espetáculo de abertura do FIT em pleno Grande Teatro do Palácio das Artes, Márcio Lacerda é recebido com um coro de vaias.

Talvez os que lutam pela utilização do espaço público para a popularização da cena cultural, usando a manifestação e produção artística como instrumento educador e formador de opinião, tenham mesmo esticado um pouco os lábios em direção às orelhas e trabalhado um tanto o diafragma. Esse ato principal de uma ópera tragicômica foi apresentado exclusivamente para convidados, compreendendo o nobre público de autoridades, como o presidente da Funarte, Sérgio Mamberti, o ex-prefeito Fernando Pimentel e sua esposa, quem coordena a Fundação Municipal de Cultura Thaís Pimentel, o vereador Arnaldo Godoy dentre outros.

Em seu discurso de voz e mãos trêmulas,Lacerda ainda pecou ao dizer algo parecido com "não temos praia nem beleza natural monumental, mas temos ... " blá blá blá, espaço perfeito para que a platéia começasse a gritar "e a Praia da Estação???". Nem mesmo com a equipe de acessoria ele fez boa escolha, só mesmo muito alienados para não esperar algo assim na estréia do evento que ele mesmo havia embargado.

E para encerrar a noite no grande palácio, agora sim, o lindíssimo espetáculo suíço "Donka", escolha muito bem feita pela organização do evento. Algo que talvez pela presença do diretor, me fez lembrar da síntese do cinema italiano, da dor regada a humor e poesia, gestos flutuantes e suavizados pelas paisagens entorpecidas pela trilha sonora erudita/coloquial, se é que isso pode ser colocado dessa forma. Bom, só sei que muito me agradou esse segundo movimento da noite espetacular.

Bravi ragazzi!

Já o terceiro movimento, K@osmos, na Praça da Estação, mais para Curral Del Rey (quisera eu que esse rei fosse o Roberto!), sendo os cidadãos bois e vacas naquele pasto demarcado pela cerca que nem viva era, e tocados por fazendeiros brutos e delinqüentes que se esqueceram do grave som dos berrantes, foi representado pelos astronautas da era "we are the world, we are the children". O globo do Epicot Center trazido para a nossa cidade e carregado pelo super guindaste, foi decorado com alguns movimentos robóticos que os Neils Armstrongs de mochilinha conseguiram executar.
Ironias a parte, o que poderia causar impacto pela grandeza e novidade, trouxe uma música brega a la "new age progressive" e nenhuma beleza nos movimentos dos acrobatas, que poderiam explorar muito mais levando em conta o espaço que tinham até o chão. Poucos minutos, tantos milhares de reais, poucos agrados aos olhos, nenhum conteúdo adicional ao cérebro.

"Disseram que eu voltei americanizada..."

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Sou cantora. Vezes compositora, vezes professora, vezes cozinheira. Gosto de crianças e idosos. Me apaixono e desapaixono na mesma intensidade. Escrevo para não acumular na cabeça o que penso ou fantasio. Construo: tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo...

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