sábado, 24 de abril de 2010

Auto da barca do inferno vol.II

Enquanto isso, a tempestade provoca ondas tão altas que eu, aqui dentro do barco, só sinto vontade de vomitar. Tento concentrar no horizonte, pois dizem que quem tem enjôos freqüentes e anda de barco, tem que ficar de olho naquela estabilidade.
Cheguei a tentar convencer o grupo a fazer a caminhada de algumas horas, que seria gratuita e sem problemas de labirintite, mas eles são tão preguiçosos que preferem pagar uma nota preta para não fazer esforço algum. Eu até faria a caminhada sozinha para não passar aquele mal de novo, mas se a maré enchesse e eu tivesse que passar pelo mangue, teria problemas com o lamaçal e precisaria de uma mão ou só de alguém para notificar o posto de saúde que eu tinha sido mordida por uma anaconda gigante.
Reconheço que estar só também tem seus perigos e que não sou lá tão aventureira assim, mas ter que subir nesse barco contra a minha vontade me deixa maluca.
Só não passo mal quando vou pelo rio, que não balança quase nada. No mar é tiro e queda, e fui eu mesma que optei por viver nele e ter que sacudir nessas ondas turbulentas.

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Sou cantora. Vezes compositora, vezes professora, vezes cozinheira. Gosto de crianças e idosos. Me apaixono e desapaixono na mesma intensidade. Escrevo para não acumular na cabeça o que penso ou fantasio. Construo: tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo, massa, tijolo...

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